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Journal Article

Citation

Brilhante AVM, Nations MK, Catrib AMF. Cad. Saude Publica 2018; 34(3): e00009317.

Vernacular Title

“Taca cachaça que ela libera”: violência de gênero nas letras e festas de forró no Nordeste do Brasil.

Affiliation

Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil.

Copyright

(Copyright © 2018, Escola Nacional De Saude Publica)

DOI

10.1590/0102-311X00009317

PMID

29538513

Abstract

Violence against women is primarily a socially produced issue of gender-hierarchy cultural values. This study aimed to unveil the meanings assigned to sexual violence against women in the forró lyrics by adolescent boys living on the outskirts of Fortaleza, Ceará State, Brazil. Our point of departure was ethnomusicology, the theory of which contends that studies of regional songs and their performances transcend the geographic space in which they are performed, to the extent that they reflect universally disseminated practices in the legitimation of violence. The study was conducted in state public schools in the Bom Jardim neighborhood on the outskirts of Fortaleza. This neighborhood has the highest rates of violence against women in the city. Focus groups were conducted with six to eight participants each, debating three forró songs whose lyrics referred to sexual violence. The results showed that the lyrics reproduce and influence patriarchal ideologies among Northeast Brazilian youth. Quotes by the boys reveal the discourse of "reverse rape", which seeks to condone sexual violence through the reversal of gender roles, ignoring socially constructed asymmetries. Forró proves to be a gender arena in which gladiators compete to flaunt notions of manhood, sexuality, and gender relations, replicating the dominant sexism in contemporary Brazilian society and contributing to the perpetuation of violence against women.


Language: pt


A violência contra a mulher é, antes de tudo, uma questão de valores culturais hierárquicos de gênero produzidos socialmente. Desse modo, esta pesquisa buscou compreender os sentidos atribuídos à violência sexual contra a mulher expressa nas letras de forró por rapazes adolescentes residentes na periferia de Fortaleza, Ceará, Brasil. Partimos da etnomusicologia, cuja teoria considera que estudos de músicas regionais e suas performances transpõem o espaço geográfico de sua execução, na medida em que descortinam práticas universalmente disseminadas de legitimação de violências. A pesquisa foi realizada em escolas estaduais do bairro Bom Jardim, na periferia de Fortaleza. Esse bairro registra os piores índices de violências contra as mulheres do município. Foram realizados grupos focais com seis a oito participantes, em que foram debatidas três músicas de forró cujas letras remetiam à violência sexual. Os resultados demonstraram como as músicas reproduzem e influenciam ideologias patriarcais entre os jovens nordestinos. Observa-se nas falas o discurso do "estupro reverso", que busca justificar a violência sexual por meio da inversão de papeis de gênero, ignorando assimetrias socialmente construídas. O forró se demonstra uma arena de gênero, onde gladiadores competem para registrar ideias de masculinidade, sexualidade e relações de gênero, replicando o sexismo dominante na sociedade contemporânea e contribuindo para a perpetuação da violência contra a mulher.


Language: pt


La violencia contra la mujer es, ante todo, una cuestión de valores culturales jerárquicos de género producidos socialmente. Por ello, esta investigación procuró comprender los sentidos atribuidos a la violencia sexual contra la mujer, expresada en las letras del forró por parte de chicos adolescentes, residentes en la periferia de Fortaleza, Ceará, Brasil. Partimos de la etnomusicología, cuya teoría considera que los estudios de músicas regionales y sus representaciones traspasan el espacio geográfico de su ejecución, en la medida en que desvelan prácticas universalmente diseminadas de legitimación de la violencia. La investigación se realizó en escuelas estatales del barrio de Bom Jardim, en la periferia de Fortaleza. Este barrio registra los peores índices de violencia contra las mujeres del municipio. Se crearon grupos focales de seis a ocho participantes, en los que se debatieron tres canciones de forró, cuyas letras remitían a la violencia sexual. Los resultados demostraron de qué forma las canciones reproducen e influencian ideologías patriarcales entre los jóvenes nordestinos. Se observa en las intervenciones el discurso de la "violación inversa", que busca justificar la violencia sexual mediante la inversión de los papeles de género, ignorando las asimetrías socialmente construidas. El forró demuestra ser la arena de un coliseo del género, donde los gladiadores compiten para registrar ideas de masculinidad, sexualidad y relaciones de género, replicando el sexismo dominante en la sociedad contemporánea y contribuyendo a la perpetuación de la violencia contra la mujer.


Language: es

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